uma Mitologia para a Casa das Caldeiras
a história de um gigante
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Feb 02, Wednesday
Posted by
Kakaeka
Era uma vez um gigante. Um gigante impressionante!
Impressionava pelo seu tamanho, pela sua força e pelo espaço que ele ocupava.
Este não era um gigante qualquer, tinha o poder de transformar, transformava qualquer intenção e idéia em energia! Transformava espaços, transformava pessoas, transformava relações e também era capaz de se transformar!
Veio da Grécia Antiga, acompanhando os movimentos migratórios da nossa civilização, passou pela Itália, ficou por lá um tempo, transformou o clássico em renascimento, transformou artistas. E depois, quis se aventurar para terras além mar: seguiu para o Brasil na mala de um imigrante, no final do século XIX, querendo conhecer este novo continente e aprender idéias novas.
Ah, eu não falei, ele também tinha o poder de transformar a sua própria energia, se encolhendo bem pequenininho, como se estivesse hibernando.
Uma vez no Brasil, encolhido na mala de um imigrante com muitas idéias, ele reconheceu o seu lugar quando se deparou com um prédio de tijolos com uma Caldeira e uma Chaminé, vizinho a linha de trem, na cidade de São Paulo, cidade esta que se encontrava em pleno crescimento.
E então ele falou para si, é aqui que eu vou ficar e vou crescer!
Se instalou, escolheu este lugar entre caldeiras e chaminés e começou a crescer, a crescer e se alimentar de toda a movimentação ao seu redor, gerando cada vez mais e mais energia. Transformou uma indústria inteira! Seguiu alimentando todo um Parque Industrial com a sua energia, com muitas fábricas ao seu redor.
Até que um dia, se cansou, percebeu que o tempo mudava, a cidade também mudava... se percebeu num novo tempo, um tempo outro e decidiu se encolher novamente.
Aguardou o tempo passar…
O tempo muda, e, tudo muda com o tempo.
O gigante adormecido, acordou! Se espreguiçou e observou as mudanças a sua volta. Pensou em criar ao seu redor um outro tipo de energia, uma energia ainda mais transformadora! A energia dos encontros, a energia que é gerada a partir das idéias, da arte e da cultura.
Com o tombamento do seu “lugar” pelo CONDEPHAAT (1986), se sentiu valorizado através do reconhecimento da sua importância para a cidade. Ganhou até nome: Casa das Caldeiras. E foi ficando ainda mais bonito, mais ajeitado, bem cuidado, querido e restaurado - vida nova! Ele pensou... isso era por volta de 1998.
O gigante se animou, começou a receber novas idéias e muitas pessoas, aprendeu com o tempo e com a convivência e foi aos poucos se reconhecendo e se identificando com este novo tempo.
Transformava tudo a sua volta em energia criativa - uma energia transformadora!
A partir da criação da OSCIP Associação Cultural Casa das Caldeiras (2005) o gigante percebeu este novo caminho possível para o seu crescimento, para além das pardes de tijolos já gastos, movimentou a sua energia criativa para as artes e a cultura, pensando em contribuir para transformar toda a sociedade que o acolhia novamente, promovendo a celebração da vida a partir deste seu “lugar de memória”.
O MANUAL EM FAMÍLIA é uma das suas criações (2015). Assim como é o TODODOMINGO e o OBRAS EM CONSTRUÇÃO (2008). Em comum, todas estas criações tem entre si o valor do processo e o respeito ao tempo, tão necessário para crescer aprendendo. A cada ano, um aprendizado que impulsiona o crescimento para seguir num próximo ciclo, se multiplicando e se alimentando, gerando mais e mais energia para transformar.
No caso do Manual em Família, esta energia parte de uma vontade de estimular o desenvolvimento das habilidades sociorrelacionais nas famílias, habilidades estas que estão em nós, mas que precisam ser exercitadas na convivência diária.
Este pequeno gigante tem hoje mais uma missão: construir uma sociedade mais humana, acolhedora e sensível, pensando mais nas potências do que nas fragilidades. Dessa forma, a gente percebe que somos todos um pouco gigantes: temos talentos especiais, energia criativa e criadora e potência que parte de dentro da gente e da nossa família e pode circular no mundo.
Como gigante, fazemos parte de uma mesma família!
Uma família que não acaba, pode às vezes ficar mais encolhida, outras crescer grande, crescer gigante. O que importa é a energia que se cria e se vê transformada!
texto: Plínio Meireles, revisão Karina Saccomanno Ferreira
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