o restaurador de chaminés
preservando os saberes de quem faz
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Date
May 05, Saturday
Posted by
Kakaeka
Recentemente nos reencontramos por aqui com o Seu Osvaldo - profissional responsável pelo restauro das chaminés da Casa das Caldeiras em 1998
Osvaldo Ribeiro da Silva
Ele e sua família carregam esse conhecimento raro sobre o funcionamento, arquitetura e tecnologia que as chaminés escondem dos nossos olhos ignorantes.
Trocamos contato e fizemos uma chamada para que pudessemos capturar um pouco desse fazer que o corpo do seu Osvaldo realiza intuitivamente a partir da vasta experiência que sua família capturou pelo trabalho com chaminés industrias pelo Brasil por um longo período (até os dias de hoje).
Aqui a gente transcreve nossas anotações dessa conversa:
Osvaldo – iniciou em 1994 o trabalho com chaminés junto com a família. São já 28 anos trabalhando com chaminés
No começo, subia só com cinto de barrigueira, uma cinta que só se travava lá em cima. Hoje tem a linha de vida para eliminar os riscos de acidentes.
Hoje há muito mais segurança para realizar esse tipo de serviço - as EPIs
Antigamente, acredite, os chaminezeiros davam volta caminhando em cima da chaminé depois dela pronta - ele nos contou. Que coragem!
Dizem que na primeira subida numa chaminé para um primeiro serviço, você vai olhando pra um lado e pro outro para ir acostumando-se com a altura. A sabedoria é saber se segurar no degrau: - se não soltar, não cai.
Parece que existem chaminés que recebem caloria de dentro
A parte interna da chaminé que recebe a caloria são as camisas, elas têm a propriedade de dilatação. Protegendo a parte externa das chaminés para evitar trincas.
Nas chaminés existem os pontos de dilatação que são feitos com material refratário, contas de amianto - para abertura e fechamento. O que difere é a quantidade de caloria que vai ser descarregada nela (chaminé).
Quanto mais altaa chaminé, maior é a sua força de sucção, mais exaustão, mais tiragem.
As chaminés da Casa das Caldeiras aliviavam a quantidade de fuligem no interior, diminuindo o calor interno dos galpões.
Hoje em dia tem maquinário que faz essa exaustão forçada.
Na casa das Caldeiras em 1998, as chamines foram encontradas com o topo todo danificado pela ação do tempo, pela descarga de raios (ausência de para-raios) nos tempos de abandono.
Foi feita a retirada dos ultimos anéis de tijolos já despreendidos, até a parede firme, para começar a reconstrução da moldura do topo da chaminé seguindo o molde original. Fizeram a lavagem de todas as chaminés com utilizacao de lavadora de alta pressão, depois a aplicação de resina acrílica, colocação de novas cintas metálicas para evitar trincas ao longo das chaminés, depois foi feita a instalação do sistema de para-raios e da luz piloto. E, por fim, a revisão na parte interna das chaminés.
Ao terminar a retirada dos últimos anéis de tijolos despreendidos na parede da chaminé, o seu Osvaldo tirou a medida do diâmetro do vão, desceu, preparou uma plataforma de madeira com a medida do vão, enumerou as peças para que subissem, com utilização de uma corda. O pessoal da equipe dela o auxiliava em baixo, puxando as tábuas, uma a uma, de acordo com o quê ele pudesse... montou toda a plataforma de serviço, daí foi só receber a massa e tijolos para alterar a parede da chaminé, em forma de moldura, a cada metro alteado na parede, mudava a plataforma para cima, até o final da obra, no topo, colocando degraus para ir complementando a escada existente interna e externa. E finalizar com outros quatro pontos cruzados no topo, para sustentação da corda de rapel, para o serviço lavagem e colocação das cintas na parte externa da chaminé.
Ficou muito diferente a Casa depois do restauro, a mudança da avenida e da entrada, antes tinham as ruinas dos galpões da parte de trás, muito mato, acesso difícil, muita abelha ... notava-se o abandono.... eu tinha um álbum com muitas fotos, ficou em Belo Horizonte.
Os galpões, as caldeiras em desuso, tinha muito maquinário. Não tinham todos aqueles prédios. A entrada era por baixo, não tinha aquele acesso da passarela.
As chaminés foram encontradas com o topo todo danificado por ação do tempo, descarga de raios, por falta de para-raios nos tempos de abandono, tendo sido feito retirada dos últimos anéis de tijolos já desprendidos, ate a parede firme, para começar a reconstrução da moldura de topo em molde original, lavagem de todas as chaminés, com utilização de maquina Wap, aplicação de resina acrílica, colocação de cintas metálicas, para evitar trincas ao longo das chaminés, instalação do sistema de para-raios, e luz piloto, revisão na parte interna.
O Seu Osvaldo foi conversando e relatando:
" O restauro das chaminés a gente teve que fazer um acesso pelos degraus na parte externa, na parte de dentro tinha muito entulho para acessar. Demolimos alguns anéis de tijolos que estavam desprendidos e depois montamos a plataforma de trabalho na parte interna da chaminé, no topo para reconstruir aquela moldura.Para a subida de material tinha uma roldana com corda.. Demolimos parte da caldeira deixando a serpentina em destaque...Foi feito na parte externa das chaminés foram colocados anéis bipartidos para travamento e reforço estrutural para evitar novas trincas. Depois vieram o Para-raios e a sinaleira. Além do trabalho de lavagem e impermeabilização na parede externa da chaminé, revisão na interna – o “encamisamento” das chaminés
A camisa da chaminé que recebe a caloria. A interna tem a propriedade de dilatação.
Protegendo a parede de desgaste por calorias excessivas. Vai descendo um caldo preto na lavagem da chaminé.
Depois teve um pessoal que fez o contato que reforçasse uma plataforma de madeira para três artistas cantarem KLD cada um em uma chaminé.
Fui depois para desmanchar a plataforma. Trabalhamos eu, meu primo, sobrinho, meu outro irmão. Aprendi com meu pai e meus tios – era construção. Hoje eu restauro chaminés construída por eles.
Restauro no Brasil, inteiro, São Paulo, Rio, Recife, João Pessoa, Fortaleza, no Nordeste, as primeiras usinas açucareiras começaram nas capitais no Nordeste. Muitas ruinas de indústria açucareira e indústrias têxteis – patrimônio histórico.
Moro em Belo Horizonte.
Prestei serviços para outras empresas que eram Matarazzo, em São Caetano, em Marília, em Santos...cimenteira e restauro."
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